terça-feira, 10 de janeiro de 2012

PRAIA PENSADA EM CINCO LIÇÕES

1.
Não é porque é praia e férias que a gente perde personalidade, deixa de ser quem é no resto do ano ou pode se permitir estar feia. A desculpa de que ‘as coisas velhinhas do guarda-roupa podem ser usadas na praia’ é furada! Se no dia-a-dia a gente escolhe o melhor que o nosso orçamento pode comprar, porque seria diferente com as férias – já que a dona do orçamento é a mesma pessoa, e se ama na praia tanto quanto na cidade?
2.
Guarda-roupa de praia também diz muito da personalidade de quem usa, e mesmo que usado por pouquinho tempo merece ter qualidade – porque toca a nossa pele, porque vive momentos tão gostosos com a gente, porque vai acompanhar a gente nas fotos que são sempre as preferidas pra por no porta retratos – é ou não é?!??
3.
Tudo é identidade: saída que cobre o corpo todo ou saída shortinho/sainha (com barriga de fora!), saída justinha ou saída folgadona, chapéu de tecido ou chapéu de palha dourada, abas curtinhas e dobradas ou abas largas com lenço, chinelinho com pedras ou chinelo de borracha, óculos coloridos ou óculos com armação em metal, bolsa de nylon ou sacola de vinil, bolsa molenga ou bolsa mais durinha… tudo isso tem relação com sofisticação, informalidade, despojamento, feminilidade, originalidade – já parou pra pensar nos elementos  que escolhe pra compor o conjunto da aparência na praia? E de como um elemento compensa/equilibra o outro?
4.
Não tem como ter praia sem água salgada, areia, vento e calor. Então cabelo, pele e o que tá em volta tem que ser pensado/preparado. Bom ter à mão pauzinhos fofos de fazer coque, fivelas bacanas, tiaras e grampinhos, né? Filtro solar que já vem com pigmento e que funciona meio como base são os melhores amigos da “pele boa na praia” – de resto (na minha opinião) maquiagem funciona melhor de banho tomado!
5.
Acessório de praia é acessório prático, que não atrapalha nem na hora de tomar sol ou entrar na água – e tem um tipo de praticidade pra cada estilo, né? O que não rola é tamanho grande demais, muito brilho, muita coisa junta, poluição visual. A gente curte bolsa bacanérrima, sandália fuefa, mini-brinquinho, mini-colarzinho, relógio bacana no máximo… e só.

Mas e vocês, o que acham? Pensam no aparato praiano desse jeito? Consideram personalidade? Têm essa mania de deixar as coisas velhas pra praia (quem não tem né?)??? Tem lições dessas pra acrescentar? Vamos nos preparar juntas? ;-)

TOMARA QUE (NÃO!) CAIA.

 Tudo funciona melhor pra quem tem confiança. Especialmente à noite – quando o sexy tenta imperar, mas quem sobressai mesmo é “quem segura”. A gente acha que tomara-que-caia é peça-chave nessa história: inspira mais confiança do que sensualidade, é mais pra quem carrega do que pra quem quer causar. A falta de alças não só deixa mais pele à mostra, mas também libera movimentos. Tipo quem é “livre” de verdade, quem tá super à vontade é quem mais aproveita o ‘colo pelado’. E não só colo, né? Liberdade liberdade… mas tomara que caia revela, de uma vez só, colo ombros costas pescoço nuca e braços. Tem que segurar ou não tem?
Pensando com ‘mente de personal stylist’ a gente prefere vestidos tomara que caia do que tops e blusinhas assim. O formato vestido alonga e o formato blusa – curtinha, quadradinha, reta demais – acaba encurtando o tronco e, por consequência, alargando a parte mais magrinha de quase toda silhueta. Essa questão deixa de existir se o top tomara que caia é coordenado com parte de baixo no mesmo tom ou num tom semelhante, criando nosso amigo-antigo visual monocromático. E a falta de alças acaba funcionando melhor pra quem tem peitinho e tudo-em-cima: pra não cair quando veste peitões o tomara que caia precisa ser bem apertadinho, e por isso pode achatar o formato do peito e destruir o look. Aí não, né. Em todo caso a gente pode sempre contar com esses modelos que vêm com corsets embaixo, que sustentam e moldam tudo internamente mesmo – tipo lingerie embutida.
E se já tem tanta pele de fora, calças e meias-calças podem ser bons acompanhantes. Pra chegar e pra sair, casaquinhos e blazers e cardigans e jaquetinhas ainda não cobrem o colo – de modo que quem usa continua sexy. E se o propósito é ser seeeeeexy, uma rendinha de sutiã pode até emoldurar o tomara que caia, com parcimônia porque né, de sexy pra vulgar é um pulo. Tem que ver referências de Alexandre Herchcovitch e de Dolce & Gabbana pra se inspirar no tom (difícil de achar essas refs, alguém ajuda?). E nada nada nada de puxar pra cima o modelón a noite toda – se tá caindo não tá bom. Tinha que chamar, na verdade, tomara que nããão caia!

O que é vintage? ( e o que é só velho?)

Certo dia uma amiga me perguntou como diferenciar o que é vintage do que é só antiguinho – pra saber o que tem valor, o que vale a pena guardar e o que pode ser descartado. Tentei explicar o valor da informação de moda na roupa – mas nem com muito esforço eu conseguiria definir tão bem o que é vintage! É do Cajon DeSastre a melhor definição de vintage dos últimos tempos:
“Para uma peça ser vintage os requisitos são os seguintes: ter pelo menos 20 anos de antiguidade, ser testemunha de um estilo próprio ou de um estilsta, não haver sofrido nenhuma transformação, representar um instante de moda e estar em perfeito estado.”
vintage_flickr
Então todas informadas e sabidinhas, de olho nas araras dos nossos brechós favoritos: vintage provavelmente custa mais – mas também tem mais valor e mais informação de moda. O que não descarta uns bons e “velhinhos” achados com menos de 20 anos de história-fashion, né?!

COMO A GENTE USA A MODA

Nessa matéria organizei um pensamento sobre o nosso jeito de usar a moda hoje, nos nossos dias, e esse pensamento serve muito como direção praquele momento em frente ao guarda-roupa, toda manhã, quando a gente pensa no que vestir. Olha só!
Digo que vejo “uma nova forma de criatividade que consiste não na invenção de novas proporções, e sim nas novas possibilidades de combinar o que existe – eis o ponto forte dessa nossa época.” E completo dizendo que tem três maneiras de se colocar em prática essa ‘nova criatividade’:
CROSS OVER: quando a gente mistura elementos de tempos diferentes, mas marcantes – tipo coisas “anos 80″ com outras coisas “anos 60″
CROSS CULTURE: quando a gente mistura elementos de culturas diferentes, tipo peças “peruanas” com peças “africanas” – de etnias facilmente identificáveis e diferentes
HI-LO: esse a gente conhece beeeem, é quando a gente mistura peças originais e caras com outras mais baratinhas das grandes lojonas difusoras de modinhas (ou mesmo coisas super festivas com outras básicas do dia-a-dia)
E com essa receita colada na porta do guarda-roupa a gente tem direção pra to-dos-os-di-as-da-vi-da. A graça da nossa moda não é inventar nada super novo, mas sim TER IDÉIAS NOVAS. A maior tendência dessa geração é misturar tudo com personalidade, com cara própria – exercitar combinações pra alcançar, quem sabe!, uma aparência única, autêntica e exclusiva. Mesclando AS NOSSAS PRÓPRIAS INTERPRETAÇÕES do que é étnico, do que é marcante em cada tempo da moda, do que é barato e caro e original e modinha. E é nesse exercício que a gente aprende e que ganha segurança. Já pra frente do espelho então! ;-)

JUVENTUDE PRA VESTIR
Fui atrás de entender por que meninas “na flor da idade” (como diriam nossas vovós) às vezes aparentam estar na meia idade por meio das roupas que escolhem – mesmo que elas não percebam.  Algumas dicas do porquê desse movimento.
Tem essa vontade de seguir os próprios rumos da moda, que nessas ultimas temporadas têm resgatado o espírito dos anos 30 e 40, que carregam uma imagem bem mais sóbria, e o próprio conservadorismo que parece ter tomado conta do mundo nesses tempos nas searas políticas, econômicas e culturais, que influencia todo o jeito como as pessoas vivem a vida – e consequentemente o jeito que elas se vestem. E atrelado a isso tudo tem a vontade simples e pura de alguns jovens se vestirem de gente grande para serem levados mais a sério, especialmente porque hoje tudo é muito mais acelerado na questão da maturidade. Tipo quem tem 15 anos e quer fazer coisas de quem tem 20, e quem tá com 20 quer ser tratado como se tivesse 25 e assim por diante.
Algumas meninas têm buscado “uma sofisticação” a toda prova, e acabam recorrendo às fórmulas óbvias, que carregam também uma mensagem conservadora, como tom nude, coque, saia midi, pérolas, blusas com gola de laço, e até as famosas bolsas “Birkin”, e ó: “O resultado são meninas de 23 anos, que vivem em 2011, aparentando as moças de 40 anos das décadas de 50”.
Mas se você gosta desses itens – eu também curto – e é novinha, nem tudo está perdido. O “frescor da juventude” está justamente em usar um ou outro desses itens, mas de um jeito novo.  Acho que dá pra fazer isso ao misturar um de cada desses elementos de sofisticação instantânea com itens mais informais, bem joviais, tipo camiseta, jeans, sapato sem salto, comprimentos mini, maquiagem e esmalte bem coloridos, montão de acessórios, cabelo mais moderninho.
E se a gente pensar que a atitude, qualquer que seja a idade, é o que vai ser traduzido para a nossa roupa, qualquer um pode aplicar no dia a dia um pouco dessa filosofia que a Elis Regina cantava e deixar o novo sempre vir, mesmo que só um pouquinho. Assim a gente se permite mais, arrisca mais, se diverte mais e aproveita a vida muito mais. Não é isso que o comercial de refrigerante diz que “gente jovem” faz?

MENINAS MAIS CONSERVADORAS
Não faz muito tempo que a diferenciação no jeito de se vestir de uma menina de 20 anos e uma mulher mais velha, de 30 ou 40, começou a existir na moda. Antes dos anos 60 ainda não existia moda jovem, foi só a partir dessa década que meninas começaram a trocar suas saias rodadas da Dior e atacar com calças cigarettes, enquanto todos os meninos queriam ser rebeldes, como James Dean e Marlon Brando. Foi também na década de 60 que Mary Quant criou a mini-saia – símbolo máximo da juventude até hoje.
Mas historicamente, antes de tudo isso acontecer, meninas de 15 anos se vestiam praticamente como suas mães – e avós! Quem assistiu “Maria Antonieta”, da Sofia Coppola, deve ter se encantado com as roupas maravilhosas que Kirsten Dunst usa no filme, mas dificilmente deve saber que a rainha francesa só tinha 14 anos (!!!) quando se casou – e já tinha que super assumir uma posição de gente grande.
Imagens de moda mais “conservadoras”, inspiração pura pra quem curte esse visual.
Então quando uma menina de 20 anos tem uma referência do passado, do estilo de uma década antiguinha, de uma atriz como Audrey Hepburn e até mesmo de uma estilista como Chanel, é quase impossível ela não querer usar roupas que, hoje em dia, podem parecer caretas demais pra uma menina tão jovem.
Garotas que se vestem assim podem querer dizer, através dessa linguagem de moda mais “careta”, que são mais maduras, que tem responsabilidades de gente normalmente mais velha ou que são mais recatadas mesmo. Mas né, ninguém quer – e nem deve querer – envelhecer tanto através da roupa que tá usando. Principalmente porque a moda deveria ajudar a gente a ficar mais bonita, a dizer quem a gente é – e não atrapalhar.
Então o que meninas que curtem esse look mais “caretinha” podem fazer pra não parecerem tão mais velhas?!
O segredo tá em equilibrar materiais modernos, comprimentos e até cores mais fortes com essas peças mais clássicas, mais “sérias”. Quem assiste Gossip Girl deve ter percebido que esse contexto tem muito a ver com a Blair. Ela quer realmente parecer mais madura, mais séria, ser levada mais a sério e tem mil referências clássicas e antiguinhas de estilo – e em vários looks ela encontra um equilibrio perfeito entre tudo isso que ela é e sua idade.
Acho que, pra conseguir esse look equilibrado, vale pensar em peças “conservadoras” só que coloridonas, em estampas e texturas mais atuais, em acessórios moderninhos e em sempre ter pele à mostra – seja numa camisa com detalhe de transparência, no vazado de uma renda ou no comprimento curtinho de uma saia. Com todo esse equilíbrio, toda menina que curte esse visual já pode voltar a roubar o look da vovó – sem nenhum medo de envelhecer. :)